quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Karmanga Off-Road

Como prometido, uma história novinha em folha de uma aventura “karmanbilística”.

Na véspera do feriado prolongado de 12 de outubro (que ao contrário do que muitos pensam, não se trata de feriado do dia das crianças, e sim do dia de Nossa Senhora Aparecida) estava preparando as malas e lista de compras para uma curta e tranquila viagem para a Praia do Presídio, só que dessa vez a intenção era ir de Karmanga. Então enchi o tanque, aproveitei pra calcular o quão econômico estava o vermelhinho e para minha surpresa, meu possante está fazendo 8.49 Km/L de Álcool na cidade(se considerar que o Gol 1.0 Flex faz 7Km/L no álcool, acho que tá bonzinho).

No sábado, na hora prevista de sair, olho pro céu e para minha tristeza, lá vem chuva... Não desanimo e vou colocando a bagagem no outro carro. Enquanto arrumava tudo, recebo uma ligação da namorada e aproveito pra perguntar se por lá também estava chovendo. Infelizmente estava muito nublado. Digo à ela que tinha a intenção de fazer o percurso de Karmanga, mas com a chuva, estava desistindo. Ela, com toda razão, diz que é melhor evitar, poderíamos atolar por lá(guardem essas proféticas palavras). Achei que atolar, embora possível, era pouco provável de acontecer, mas a chuva com certeza seria um estorvo durante toda a viagem.

Então termino de guardar as coisas no outro carro e volto ao apartamento para me despedir da família quando olho pela janela, vejo o céu azul! Não pude guardar o sorriso que se estendia da orelha direita até a esquerda. Desço correndo ao estacionamento, e transfiro toda a bagagem para o karmanga.

Ligo a usina de força, espero uns 2 minutos para aquecer, engato a primeira e saio do estacionamento. Percebo que o céu volta a ficar nublado.... Pensei: “Dane-se, agora vou de Karmanga mesmo!!” Ao chegar na casa da namorada, a primeira coisa que me pergunta: “Mudou de ideia?” -- “Foi, a chuva parou...”

Almoçamos por lá, esperamos uma amiga para confeccionar umas lembranças do dia das crianças, descubro uma habilidade artística com e.v.a. ao fazer uma tartaruga para minha amada irmã, e por volta das 16h e 30min zarpamos. Paradinha no super-mercado para comprar os mantimentos, karmaga abarrotado de bagagem e pé na estrada!!

Viagem tranquila, sem engarrafamento nem paradas em blits. Velocidade média de 70Km/h, ouvindo “Infinita Highway” dos Engenheiros do Hawaii e curtindo a paisagem. Ao chegarmos à praia por volta de 17h e 50min, recebo uma ligação de minha mãe perguntado se estava tudo bem, pois eu saíra pela manhã e até então não dava notícia alguma. Contei que ficamos em Fortaleza até mais tarde, mas que já estávamos na Praia do Presídio e que tudo correra na mais perfeita ordem.

Desligo o telefone e quando estava a cerca de 112m do meu destino, passo por uma areal frouxo. Como vinha bem devagar e com pneus com 32Psi, atolei!! Na hora lembrei do que minha namorada falou ao telefone... Sem maior preocupação disse: “Vixe, atolamos!” -- “E agora?” perguntou ela. --“Sem problemas, dá pra sair”. Engatei a marcha ré e... NADA. Cada vez mais atolado, vemos um indivíduo saindo de uma casa à uns 50m de distância. Grito, buzino, mas sem efeito. Desligo o carro, desço, esvazio os pneus traseiros, cavo um pouco a areia, e tento novamente. Resolvo parar por aí pois o motor estava a poucos centímetros de encostar na areia.

Pego a lanterna e saio à procura de algumas tábuas de madeira para tentar sair do atoleiro, mas foi em vão... Só areia e alguns poucos lixos.

As estrelas já brilhavam no céu, quando vimos do outro lado praticamente a mesma distância um outro vulto. Aceno com a lanterna e peço pra minha namorada buzinar, mas ela não consegue, pois o carro estava desligado. O vulto sumindo na escuridão, e nada de buzina, até que derrepente ela consegue mas grita: “Ai!! Levei um choque!!”. A paciência com o Karmanga já estava igual ao vulto: indo embora. Mas eis que surge em nossa frente um pequeno grupo de umas 6 ou 7 pessoas. Ao se aproximarem, vejo um adulto, um bebê e o restante eram meninas com idades entre 7 e 12 anos(nessas horas, a sorte sempre vem em pequenas doses). Humildemente peço ajuda e todos prontamente empurram, mas o Karmanga não arreda o pé e a essa altura, o motor estava alguns centímetros abaixo da areia. O senhor e único adulto do grupo diz: “Tenho que ir deixar essas crianças em casa, mas volto já com uns amigos pra ajudar”. Não confiante no generoso caminhante, resolvo fechar o carro e superar os 112m restantes à pé e de mãos dadas com minha namorada que não é o Toddynho, mas já é minha companheira de aventuras!

Ao chegar no condomínio, vejo o caseiro na porta conversando com o irmão e dois amigos(Olha a sorte em dose mais generosa). Pergunto se no condomínio havia chegado alguém de bom coração com uma pick-up que pudesse me socorrer.

--“Mas qual é o carro? É aquele vermelhinho?” perguntou o caseiro.

Respondi positivamente e escutei algo animador, ou melhor ilusório:

--“Ah! Num precisa de pick-up não a gente consegue tirar. Já tiramos três carros do atoleiro hoje.”

Digo para minha namorada esperar por alí mesmo enquanto resolvíamos o problema, mas me veio a mente a preocupação: “Onde estará a chave do apartamento!?!?”

--“Amor, acho que esqueci de trazer as chaves do apartamento!!”

--“Volta lá no carro e resolve um problema de cada vez!”

Cada vez eu gosto mais dessa menina!

Voltamos e, por mais que fizéssemos força, o carro não movia 1cm pra frente nem pra trás, só movia pra baixo da areia.

De volta mais uma vez no condomínio, falamos com um generoso proprietário de uma Hilux preta que sem nem piscar, saiu de sua confortável rede na varanda, vestiu uma camisa e simpaticamente me ajudou. Amarramos uma corda na base do motor e facinho tiramos ele de lá.

Nem preciso dizer que na hora de ir embora peguei outro caminho, até porque fomos os últimos a sair e dificilmente encontraria outra Hilux.

Ah!! As chaves estavam no porta-luvas...

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